Capricho - Abril 2009

No ano em que Hannah Montana chega aos cinemas, Miley Cyrus dá seu grito de independência e lança uma biografia bombástica, em que fala sobre as brigas no set de sua série no Disney Channel, o namoro com Nick Jonas e como sofria bullying no colégio

Destiny Hope estava presa no banheiro. Alguma menina popular havia a trancado lá só porque não ia com a cara dela. Ela não entendia por que estavam fazendo aquilo. Isso depois de ter sido ignorada na hora do almoço, ameaçada na saída do colégio e gongada por causa de uma jaqueta jeans que usava.

Provavelmente, quem trancou aquela fechadura ou se recusou a dividir um hambúrguer com Destiny deve estar bem arrependida agora. A caipira de Nashville hoje, aos 16 anos, atende pelo nome de Miley Cyrus e está à frente de uma marca – Hannah Montana – que vale 1 bilhão de dólares.

A história de bullying foi revelada na autobiografia Miles to Go, ainda não lançada no Brasil. Miley até hoje brinca que prefere usar uma peruca loira na cabeça do que ter a cabeça dentro do vaso no banheiro. Hannah apareceu por acidente na vida dela, mas a salvou das mean girls do colégio. Depois de pequenos trabalhos como atriz, ela teve a chance de fazer um teste para um programa da Disney. Na primeira vez, foi procurada para o papel de Lilly, amiga da protagonista Chloe Stewart (sim, era esse o nome!). Na segunda, já foi testada como protagonista pelos produtores. Na terceira e última, levou a melhor em cima de Taylor Momsen – a Jenny de Gossip Girl – e não só ficou com o papel como mudou o nome da personagem pra Miley. Volta por cima.

Tanto sucesso tem suas desvantagens. Encontramos uma Miley cansada em Los Angeles, na coletiva de lançamento de Hannah Montana – O Filme, se desculpando por usar pantufas, mas, ainda sim, com aqueles cabelos ondulados de dar inveja. “Me perdoe por eu estar de chinelo”, disse a CAPRICHO. Bobagem. Estávamos mais próximos da Miley real. Aquela que tem em Ashley Tisdale um exemplo a ser seguido e que é fera em Guitar Hero. “A garota que é fotografada na estréia de um filme não é a mesma que vai ao supermercado. São pessoa totalmente diferentes”, diz a cantora. Pois era a Miley comum, sem a peruca loira, que a gente queria encontrar mesmo.

A filha de Billy Ray Cyrus cresceu em frente às câmeras – ela é Hannah desde os 12 anos – e pagou um preço caro por isso. “Enquanto eu viajo, as pessoas ficam em frente ao computador escrevendo coisas ruins sobre mim, isso machuca”, disse à CAPRICHO. Acostumada à vida na fazenda em Nashville, ela teve que se adaptar à concorrência cruel de Los Angeles, a cidade das estrelas. “Tudo aqui é relacionado à aparência. Essa é a parte mais difícil para mim”, conta.

E Miley já sentiu na pele essa cobrança. Quando estava gravando a segunda temporada de Hannah Montana, ela teve um problema normal com espinhas e quase entrou em depressão. Não queria sair da cama pra trabalhar. “Eu via minha imagem com Photoshop nas revistas e via a perfeição. Eu olhava para o espelho e via a realidade”, diz em sua biografia. A mão dela, Tish, confiscou seu computador para que não lesse mais notícias sobre como estava gorda ou que tinha canelas grossas.

O sucesso da série sobre a garota que tinha o melhor dos dois mundos foi instantâneo no Disney Channel. Não só pelo talento de Miley para comédias como também pela química que tem com seu pai na tela. Billy Ray interpreta Robby, pai de Hannah. “Me sinto segura com o meu pai. Ele é o cara mais legal do mundo. Eu sei que vocês querem que eu conte micos que ele me fez pagar, mas ele não faz isso (risos)”, diz à CAPRICHO.

Os primeiros shows que a cantora fez como Hannah foram em conjunto com as Cheetah Girls e vieram confirmar o sucesso da série. O público conhecia as músicas e colocou a trilha sonora de HM em primeiro lugar na parada da Billboard. “Minha vida parecia um dia de Natal”, conta a cantora em seu livro.

Com tanto sucesso, era hora de Miley ter sua própria turnê. Em outubro de 2007, a The Best of Both Worlds Tour começou a rodar os EUA. Foram 68 shows em 59 cidades. Na época, foi lançada a segunda trilha sonora da série, outro hit. A essa altura, Miley já tinha vendido quase 10 milhões de CDs, 3 milhões de DVDs e faturado quase 25 milhões de dólares com sua turnê. Um fenômeno.

Mas nem tudo ia tão bem como parecia. Durante as gravações da segunda temporada de HM, Miley e Emily Osment, que interpreta Lilly, se odiavam no set. Não podiam uma olhar para a cara da outra. “Interpretávamos melhores amigas, mas não tínhamos química”, conta a cantora em seu livro. Com o tempo, e um puxão de orelha da produção e das respectivas famílias, elas perceberam que, em vez de disputarem, podiam se ajudar. Hoje, ao lado da bailarina Mandy Jiroux, Emily é a melhor amiga de Miley. “Brigamos e nos amamos como irmãs” disse a estrela à CAPRICHO.

Com tanto trabalho e responsabilidade, sobra pouco tempo pra Miley namorar. Ela viveu uma grande paixão com Nick Jonas e o fim do namoro havia a deixado sem chão. Num belo dia, Billy Ray apresentou à sua filha Miley, no set de filmagens de HM, o modelo Justin Gaston. O cara ficou encantado e voltou no dia seguinte só pra convidá-la para um cinema. Depois do filme, ao deixar Miley em casa, Justin disse pra ela: “Melhor não me aproximar muito de você, não sei o que pode acontecer”. Quem resistiria a essa cantada?

O namoro já está quase no oitavo mês e Miley reconhece que é duro pra Justin namorar uma celebridade como ela. “É difícil ser seguida por paparazzi o tempo todo. Ele entende a minha vida”, contou à CAPRICHO. Em entrevista à revista Glamour, a atriz revelou que amava o namorado com todas as letras e há muito tempo não se sentia tão feliz. “Justin é a melhor coisa que aconteceu em minha vida”, contou.

Com a chegada de HM aos cinemas, Miley quer ampliar horizontes. É provável que ela grave mais duas temporadas da série e depois invista em produções para a tela grande. “Fazer filme vem em primeiro lugar. Continuo cantando, mas quero ser respeitada como atriz”, disse. Em um recente episódio do desenho South Park, a cantora foi apontada como sucessora de Britney Spears no mundo pop. “Ela tem uma carreira incrível e não é da nossa conta o que acontece na vida pessoal dela. Se eu puder ter uma carreira com a de Britney, eu quero”, disse à CAPRICHO. Boa sorte, Destiny Hope, pois seu caminho é o sucesso.